CRITICAS
DE MONTEIRO LOBATO
Anita Malfatti |
A Boba, 1915/16 |
óleo s/ tela |
"A
exposição da senhorita Malfatti, toda ela de pintura moderna, apresenta um
aspecto original e bizarro, desde a disposição dos quadros aos motivos tratados
em cada um deles. De uma rápida visita ao catálogo, o visitante há de
inteirar-se logo do artista que vai observar. Tropical e Sinfonia colorida, são
nomes que qualquer pintor daria até a uma paisagem, menos a uma figura, como
tão bem fez a visão impressionista de sua autora. Essencialmente moderna, a
arte da senhorita Malfatti, se distancia consideravelmente dos métodos
clássicos. A figura ressalta, do fundo do quadro, como se nos apresentasse, em
cada traço, quase violento, uma aresta do caráter do retratado. A paisagem é
larga, iluminada, quase sempre tocada de uma luz crua, meridiana, que põe em relevo
as paredes alvas, num embaralhamento de vilas sertanejas, onde a minudência se
afasta para a mais forte impressão do conjunto."
Os
acontecimentos a partir da primeira semana se deram de forma tão rápida e
surpreendente, que Anita só se atreveria a narra-los 34 anos depois:"A
princípio foram os meus quadros muito bem aceitos, e vendi, nos primeiros dias,
oito quadros. Em geral depois da primeira surpresa, acharam minha pintura
perfeitamente normal. Qual não foi a minha surpresa quando apareceu o artigo
crítico de Monteiro Lobato" Anita Malfatti.
"Há
duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas e em
consequência disso fazem arte pura… Se Anita retrata uma senhora com cabelos
geometricamente verdes e amarelos, ela se deixou influenciar pela extravagância
de Picasso e companhia - a tal chamada arte moderna..". Monteiro Lobato.
Após o
artigo de Lobato, publicado em O Estado de S. Paulo, edição da tarde, em 20 de
dezembro de 1917, com o título de A propósito da exposição Malfatti, as telas
vendidas foram devolvidas, algumas quase foram destruídas a bengaladas; o
artigo gerou uma verdadeira catilinária em artigos de jornais, contra Anita. A
primeira voz que se levantou em defesa da pintora, ainda que timidamente, foi a
de Oswaldo de Andrade. Num artigo de jornal, ele elogiou o talento de Anita e
parabenizou pelo simples fato dela não ter feito cópias. Pouco depois, jovens
artistas e escritores, começando a entender aquele jeito de pintar e possuídos
pelo desejo de mudança que as obras de Anita suscitaram, uniram-se a ela, como:
Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida.
(Wikipédia)
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